Texto original do Poder Executivo recebeu
quase 700 emendas
quase 700 emendas
O Senado Federal aprovou hoje (25), sem alterações, o
projeto de lei de conversão referente à Medida Provisória do Código Florestal.
O texto original enviado pelo Poder executivo recebeu quase 700 emendas na
comissão especial mista que analisou a matéria. Nela, após muita polêmica, um
acordo entre congressistas ruralistas e ambientalistas resultou no texto
aprovado pela Câmara dos Deputados e, hoje, pelo Senado.
Entre as alterações inseridas no projeto pela comissão
especial, as principais são referentes às áreas de preservação permanentes
(APPs) em margens de rios e de nascentes. Os parlamentares da comissão
modificaram a chamada “escadinha” proposta pelo governo federal, que
estabelecia quanto das margens de rios desmatadas deveriam ser replantadas de
acordo com o tamanho da propriedade.
Por serem maioria, os parlamentares da bancada ruralista
conseguiram estabelecer no projeto que, nas propriedades de 4 a 10 módulos
fiscais deverão ser recompostos 15 metros de mata nas margens dos rios com até
10 metros de largura. Quem tiver propriedades maiores que isso, independente do
tamanho do curso d’água, deverá recompor de 20 metros a 100 metros, a ser
definido pelas autoridades estaduais.
Já os parlamentares ambientalistas se deram por
satisfeitos ao conseguirem impor no texto que as nascentes e olhos d’água
deverão ter APPs ao seu redor de, no mínimo, 15 metros, a serem recompostos em
caso de desmatamento pelos donos das propriedades. Além disso, o projeto também
prevê a manutenção de 50 metros de APPS no entorno das veredas e áreas
encharcadas.
Para que a recomposição seja feita, será criado um
Programa de Regularização Ambiental (PRA) que regulamentará a permissão para
que os produtores possam converter as multas ambientais em investimentos no
reflorestamento de suas reservas legais e APPs.
A Medida Provisória do Código Florestal foi editada pela
presidenta Dilma Rousseff para suprir as lacunas deixadas pelos vetos feitos
por ela à lei que reformou o código. Durante as negociações sobre a MP na
comissão especial, o governo chegou a divulgar nota na qual declarou não ter
participado do acordo que resultou no texto aprovado hoje e que, portanto, não
tinha qualquer compromisso com ele. A declaração gerou tensão entre os
parlamentares ruralistas, que ficaram com receio de que a presidenta faça novos
vetos ao projeto aprovado pelo Congresso.
Apesar disso, o senador Jorge Viana (PT-AC), que tem
atuado como porta-voz informal do governo nas questões ambientais, disse
acreditar que a presidenta não deverá tomar esta medida novamente. Na opinião
dele, a proposta aprovada é “a melhor para o meio ambiente” e esse deve ser o
argumento usado para tentar convencer a presidenta a não promover novos vetos
na matéria.
“O entendimento que foi construído aqui leva em conta a
realidade das bacias hidrográficas. O texto que sai daqui resolve o passivo
ambiental brasileiro”, declarou o senador que atuou como relator do projeto do
código anteriormente e foi um dos negociadores do atual projeto.
O projeto de lei de conversão segue agora para sanção
presidencial, uma vez que não sofreu alterações e não precisará retornar para
nova análise da Câmara dos Deputados.